segunda-feira, 11 de julho de 2011

Quando o xingamento volta para si.....

Xingamentos, quando vindos de pessoas que não conhecemos ou com as quais não nos importamos, não têm a mínima necessidado para nós. Mas, de maneira geral, consigo entender a lógica de seu funcionamento. Quando alguém me diz: boba! feia! chata! cabeça de melão!, eu entendo porque essas expressões são consideradas ofensivas pelo interlocutor. Afinal, ser boba, feia, chata e provida de uma cabeça do tamanho de um melão não são atributos exatamente agradáveis ou desejáveis. Alguns supostos xingamentos, porém, tenho bastante dificuldade de compreender.


Vai tomar no cu!
No meu entendimento, “tomar no cu” aponta para uma experiência sexual potencialmente prazerosa e agradabilíssima. Quando me mandam ir tomar no cu, respondo: “eu bem que gostaria, mas atualmente não tenho ninguém na minha vida que se interesse por essa prática, etc.”


Vadia e/ou vagabundo!
Vadio, para mim, é aquele que não trabalha. O problema é que o trabalho costuma ser valorizado como algo intrinsecamente positivo e bom. Nêgo se esquece de que agorinha mesmo tem político trabalhando dia e noite para manter a proibição ao casamento gay na Califórnia; tem professor trabalhando muito para explicar a seus alunos que a humanidade toda é quaquaraneta de um casal com sérios problemas conjugais; tem músico trabalhando duríssimo no disco novo da Sandy. O mundo seria um lugar bem melhor se essa gente toda estivesse vadiando em vez de ter que trabalhar para garantir o seu. Quando me chamam de vagabundo, respondo: “eu bem que gostaria, mas nasci numa família de classe média e, se eu não trabalhar, as contas vão acumular, etc.”


Filha da puta!
Essa é outra bem engraçada. Por que raios uma profissão deveria ser motivo ou objeto de xingamento? Se um desconhecido me chamasse de filha-da-mensaleira, não é que eu me sentiria ofendida, mas entenderia perfeitamente a intenção xingadora, pois gastar dinheiro público indevidamente de fato está entre as piores coisas que um ser humano pode fazer. Mas, de todos os crimes e atividades condenáveis que o xingador poderia usar, ele vai escolher logo puta? Francamente. Por outro lado, a palavra puta é utilizada com bastante frequência em contextos eróticos: chamar a mulher de “minha putinha gostosa” costuma ser visto como algo altamente excitante. Mas, por algum motivo incompreensível para mim, nunca ocorreu a nenhum homem chamar-me de “minha psicologuinha safada” ou “vem cá, estudantinha de literatura tarada”.Quando me chamam de filho da puta, respondo: “na verdade, minha mãe era professora de francês, mas aí ela foi promovida e virou diretora da escola, etc.”

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